Leia-me. Não me demoro. Decifra-me, e não me decore. Devore-me, sem que eu espere. Reflita-me, não como um espelho. Repitam-se esses meus erros. Recita-me no cego desespero. Demore-se, ao ler estes versos. Decore, com eles os papéis incertos. E espere. Espere. Espere... .......................................
Quando penso nela meu coração para de bater e então canta. De órgão oco de tecido muscular estriado cardíaco que tem como função bombear o sangue de forma que circule por todo o sistema vascular sanguíneo através de sucessivos movimentos de contração ele se transforma em arauto de mil compassos sabiá de Miltons que pelas Minas Gerais faz ecoar seu canto entre janelas barrocas e cafezais. [11/12/2016]
Por todos os lados as serras encerram a paisagem: com másculos braços de rochosos músculos oprimem e conformam o curso d'água das velhas estreitando-se entre a (mais que) tricentenária cidade que parece repousar em titânicos seios. A névoa, tal o hálito dum moribundo Prometeu, densa, espessa e cega, empalidece o outro outrora preto: por vezes tensa, anula do olho a função; por outras leve, traz paz aos que a anseiam. Neste ínterim interminável tudo mofa tudo enferruja tudo envelhece permeado por sinuosas minas latejando como o dobrar dos sinos no interior da casas e também das gentes. O sol faz-se inclemente tanta na ausência quanto na convivência. Parece comprazer-se com a própria omissão. O frio - e não "por seu turno" - é a única constante. [ 22/05/2017]
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