Poema Torto

Quando nasci, veio um cara de branco
desses de letra mal-cuidada
me deu um tapa e disse:
Chora Leandro, e segue sua vida.

Só esqueceu de dizer
que chorar de nada adianta.
Como também de nada
adianta amar, sofrer e se apegar,
mas a gente chora, ama,
sofre e se apega
pra tentar fugir da solidão.

Mulheres desfilam derrières e pernas.
Homens acompanham com os olhos.
Eles se amam, se pagam, procriam.
Depois se cansam, se ofendem, machucam.
Donde se conclui: a vida é feita de dor
embora nem todo parto o seja.

Deus meu, deus nosso
por que me deste a vida
sem perguntar-me se eu lha queria.

Vida, vida, louca e velha
se eu me chamasse Carlos ou Adélia
esses versos seriam melhores
e talvez tivessem mais coração.

Mundo, mundo, vago mundo,
ser gauche é minha condição.


Dedicado a Carlos Drummond de Andrade e Adélia Prado.
Escrito nos dias 07 e 09 de Setembro de 2012.

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